quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ameaça Invisível: a invasão de espécies e a poluição através da água de lastro


Por: Rafaela Pedigoni Mauro
·                    O que é água de lastro?
            Para manter o navio em equilíbrio quando descarregado, colhe-se água do mar para o enchimento de tanques. Ao receber nova carga, a água coletada é descartada. Como, na maior parte das vezes, não é feito nenhum processo para eliminar possíveis seres vivos que foram trazidos na viagem, eles são despejados de forma negligente em um ambiente estranho, podendo causar uma série de problemas. Abaixo, pode-se ver um esquema desse processo:
Imagem disponível em:  <http://www.folhadomeio.com.br/publix/fma/folha/2003/06/lastro.html>. Acesso em:  20 de set. de 2011.

·                       O que pode ser carregado nos tanques dos navios?
            A maior parte das espécies marinhas passa, em sua vida, por um estágio em forma de plâncton. As larvas e ovos de peixes, moluscos e crustáceos são transportados em viagens transoceânicas na água de lastro e aqueles seres que sobrevivem e conseguem se enquadrar no novo ambiente formam comunidades de espécies invasoras. Além desses pequenos animais marinhos, bactérias como a Vibrio cholerae, causadora da cólera, podem ser deslocadas por esse meio.
·                    Há algum caso de invasão biológica envolvendo água de lastro conhecido no Brasil?
O caso mais notório é o do molusco bivalve  Limnoperna fortunei, conhecido por mexilhão dourado e originário de rios da China. Ele foi trazido por navios até portos no Rio da Prata, e chegou a muitas usinas hidrelétricas, inclusive a de Itaipu. O mexilhão dourado adere-se à tubulações e turbinas das usinas, entupindo-as.
            O site www.ambientebrasil.com.br divulgou em 18 de abril deste ano uma notícia sobre o tema. Segue um trecho.
            “A Cemig (energética mineira) se prepara para enfrentar pela primeira vez o molusco, na usina de São Simão, em Goiás. A espécie é vista a 30 km da unidade.
            Um projeto de modernização prevê implantar a partir de 2012 um sistema que injeta dentro das unidades geradoras uma substância que evita que mexilhões grudem. Cada limpeza feita dura cerca de quatro dias e causaria prejuízo de mais de R$ 1 milhão para cada unidade geradora.
            A Copel (Companhia Paranaense de Energia), que convive com a espécie desde 2006 na usina de Governador José Richa, no rio Iguaçu, preparou sistema parecido em duas outras usinas no rio. Uma substância injetada nas tubulações da usina altera o pH da água e evita a fixação da larva do molusco. Em quatro usinas da Cesp (companhia energética paulista), nos rios Paraná e no rio Tietê, a estratégia deu certo, segundo a empresa. Desde 2004, uma substância baseada em cloro evita a formação de colônias e que as máquinas precisem ser paradas para limpeza. Os gastos anuais com o sistema são de cerca de R$ 100 mil”. (Disponível em: <http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2011/04/18/68879-hidreletricas-se-preparam-para-conter-praga-do-mexilhao.html>. Acesso em: 20 de set. de 2011).



            Ou seja, é evidente que o problema da invasão biológica causa prejuízos econômicos, ambientais e à própria saúde humana, ficando bem clara a relevância desta questão para agências nacionais e internacionais.
            Em uma entrevista cedida ao site Folha do Meio Ambiente ainda em 2003, o engenheiro Raymundo Garrido descreveu o impacto ambiental da água de lastro como “(...) uma das quatro maiores ameaças para a vida oceânica”, sendo que as outras são:                                                                                                            
        “Em primeiro lugar, são as fontes de poluição marinha oriundas de terra firme, que podem chegar pelos estuários dos rios, por descargas ou vazamentos de embarcações, acidentais ou criminosos, por emissário submarinos.   Em segundo lugar, mas não menos importante, a super exploração de recursos marinhos, com a possibilidade de extinção de espécies marinhas oceânicas. E, a terceira, são os impactos causados nas zonas costeiras, com a destruição dos habitats marinhos” (GARRIDO, 2003, IN GORGULHO).
            Enfim, diferentemente dos demais problemas acima apresentados, a contaminação da água e introdução de novos seres por meio da água de lastro ocorre de forma “invisível”, os resultados são percebidos apenas mais tarde, quando o desequilíbrio já foi instaurado. 


Referências:
ÁGUA de lastro e os recursos hídricos: Dez bilhões de toneladas de água rodam anualmente o mundo equilibrando. Disponível em: <http://www.folhadomeio.com.br/publix/fma/folha/2003/06/lastro.html>. Acesso em: 20 de set. de 2011.

INVASÕES Biológicas Marinhas: Água de Lastro. Disponível em: <http://zoo.bio.ufpr.br/invasores/aguadelastro.htm>. Acesso em: 20 de set. de 2011.

HIDRELÉTRICA se preparam para conter “praga do mexilhão” Disponível em:

MEXILHÃO dourado: infestação diminui, mas medidas de prevenção continuam .Disponível em: <http://www.cultivandoaguaboa.com.br/noticias/mexilhao-dourado-infestacao-diminui-mas-medidas-de-prevencao-continuam>. Acesso em: 20 de set. de 2011.



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