quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O debate acadêmico na questão da Somália e as Relações Internacionais

Tema: Pirataria na costa da África e discriminação étnica

Por: Diogo Joaquim dos Santos

            A discussão acadêmica sobre a questão da Somália, ainda tímida em se organizar em defesa das atrocidades que atingem a população somali, ganha espaço mais notável nos últimos anos, dando credibilidade às pesquisas jornalísticas, quantitativas e qualitativas, que se comprometem em preencher muitos espaços vazios na acusação da pirataria.
            Dessa forma, a história dos conflitos deixa de se limitar às aspirações das grandes potências e passa a ser revisitada por diversos novos pesquisadores. Longe de argumentarmos, de modo ingênuo, que esse fato trará sucesso em solucionar a questão, agregamos ao debate muitos outros argumentos e fatos que inoculam um processo que poderia ter tido um desastroso desfecho, partindo dos países desenvolvidos.
            Por exemplo, não fosse a pressão dos partidos e intelectuais abolicionistas brasileiros na questão dos negros brasileiros, nada impediria, num primeiro plano, que os governantes racistas extinguissem os negros no país, como tentaram inúmeras vezes segundo os militantes da época e os demais estudos da Escola Paulista de Sociologia. Nesse sentido, a contribuição de diversos pesquisadores como José Carlos García Fajardo (professor de História do Pensamento Político e Social da Universidad Complutense de Madrid), Johann Hari (escritor do Independent Newspaper e The Huffington Post – Londres), Juan Falque, Orlando Castro (Jornalista angolano-português), entre diversos jornais espanhóis, africanos locais e de outros países é de suma importância para que os veículos de informação se direcionem para uma proposta com vistas a uma organização contra-hegemônica a partir da história dos conflitos no Chifre Africano.
Assim sendo, essa articulação internacional carece de apoio político e financeiro que dê maior dimensão e difusão do que se propõe no âmbito político, econômico e social, mas agrega potencial capacidade de interferência nas questões do Chifre Africano, como contribui para novas perspectivas nos estudos das Relações Internacionais no Brasil. Por fim, segundo Johann Hari, “A história da guerra de 2009 contra a pirataria foi mais bem resumida por outro pirata, que viveu e morreu no século IV aC. Ele foi capturado e levado para Alexandre, o Grande, que exigiu saber "o que ele quis dizer, mantendo a posse do mar." O pirata sorriu e respondeu: "O que você quer dizer por aproveitando toda a terra; mas porque eu faço isso com um navio pequeno, sou chamado de ladrão, enquanto você, que o faz com uma grande frota, é chamado imperador." Mais uma vez, nossas grandes frotas imperiais navegam hoje - mas quem é o ladrão?”¹ (tradução livre).

Referências

BRANQUINHO, Fernando. A pirataria do capital. Disponível em: http://blogdobranquinho.blogspot.com/2011/11/somalia-pirataria-do-capital.html. Acesso em 04 de Novembro de 2011.
FAJARDO, José Carlos García. Los auténticos piratas de los mares. Disponível em: http://www.garciafajardo.org/articulosccs/ecologia/los_autenticos_piratas_de_los_mares.htm. Acesso em: 05 de Novembro de 2011.
FALQUE, Juan. Origen y desarrollo del documental “¡Piratas!”. Disponível em: http://www.juanfalque.com/. Acesso em 17 de Setembro de 2011.
GUEDES, Renato. Entrevista com Mahad Omar: “Não lhes chamamos piratas. Chamamos-lhes guarda costeira da Somália”. Revista Rubra nº 6. Portugal
¹JOHANN, Hari. You are being lied to about pirates. Disponível em: http://www.huffingtonpost.com/johann-hari/you-are-being-lied-to-abo_b_155147.html. Acesso em 27 de outrubro de 2011.
LOS PIRATAS DE JUAN FALQUE. Periódico digital Perspectiva Ciudadana. Disponível em: http://www.perspectivaciudadana.com/contenido.php?itemid=37658. Acesso em 15 de Outubro de 2011

PIRATAS MODERNOS. Disponível em: http://blog.brasilacademico.com/2011/11/piratas-modernos.html. Acesso em: 15 de Novembro de 2011.

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